quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Quando as paralelas se tocam


Te deixo amor enquanto posso, na medida que posso, em troca de uma liberdade recíproca. Não peço, não cobro, sei que tudo esta na medida certa; e vou convivendo com o mesmo beijo, os mesmos olhos, o mesmo abraço, e as mudanças de cada piscar. "Sei que sou perfeito pra você." e eu me pergunto se você é mesmo perfeito ou se o meu gosto abstrato por defeitos é que lhe deixam com este ar de sinceridade.
Se nada der certo, ainda assim, tudo estará no seu lugar e você estará do meu lado imitando vozes de cantores famosos ou cantando músicas que não faço a mínima idéia de onde surgiram, mas sorrio por saber que não preciso de mais nada além da sua voz.
E você me deixa sorrisos enquanto pode, na medida que pode, em troca de uma liberdade recíproca. Continua sendo meu melhor amigo e tudo ainda é estranho, como se não buscássemos respostas pelo fato de todas as duvidas serem exatamente como precisamos.





"... direis, ouvir estrelas! Certo perdeste o senso!"

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Rondo do capitão



A cortina quase se fechando, e eu, ansiosa, ainda espero o final feliz onde todos podem se abraçar e ter um sorriso, calejado de lutar, mas ainda assim meigo e completo. Mas o toque de cheff é o poder de deixar o público com os planos quase alcançados, vendo ir embora a expectativa, deixando claro aos seus olhos um final trágico, exuberante em lágrimas e gritos histéricos, para que todos saiam da sala se perguntando o motivo da imprudência.
E ainda assim, atravesso a rua esbarrando em vestidos de seda e derrubando chapéus arredondados de abas curtas, sabendo que todo o resto do enredo estava ali e ninguém percebeu. O ato ainda estava no patamar superior, e eu, de tão boa atriz, repeti algumas falas como : 'Quanto tempo é necessário pra varrer toda essa tristeza? Pra fazer uma faxina neste meu ego tão sujo e esquecido? ' e todos pensaram que fosse meu.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Babilônias da desconstrução


Minha vida se resumindo no proposto, no propósito, a face não vista por Cecília Meireles, a lógica de tudo que eu não me acostumei. A certeza de acordar, de levantar, de vestir, de comer, andar, dizer. O lado abstrato de viver uma rotina sem propostas ou perspectivas em quatro dimensões, sem dificuldade alguma de planejar o dia seguinte ou perder o sono pensando em algo novo que viveu.
Recordações que voltam a fazer parte de algo tão novo a ponto de parecer real, certezas impróprias de momentos saudosistas, dúvidas não esclarecidas que se marcaram com reticências no fim da página e as multidões de palavras e movimentos desnecessários como a memória anestésica do escuro da sua casa de bonecas.
A sensação de viver contando os segundos para a solidão, tendo que esta se resume em felicidade. Aprender a dar gargalhadas espontâneas forjadas, só para sair da desnecessária explicação da sua vida construída em pretérito perfeito, ou imperfeito, não faz tanta diferença.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Entre Julho e Agosto


E no meu enredo tipicamente romântico as horas não devem passar, e só passam quando a vontade de ficar é a unica existente; quando me olha com todo aquele brilho, quase sem piscar, querendo dizer tudo e de certa forma dizendo.
Se todos os dias fossem Sábado, eu deixaria de criar castelos nas nuvens e vê-los destruídos ou transformados com o sopro do vento.Seria como acordar sorrindo com a certeza de ver seu cabelo bagunçado no travesseiro ao lado do meu; se os seus olhos estariam abertos ou não, pouco importa, poder te abraçar e te beijar antes do café da manhã não se compara a um dia bom.
Mas ainda deixo seu lugar vago na cama, a fronha limpa e o cobertor esticado. Não preciso fechar os olhos para saber que esta olhando fixamente para mim.
O teatro continua cheio e todos ainda gritam nas cenas de beijo, mal escutamos as falas e eu sequer li a obra, mesmo o movimento dos seus pés me fazer parecer um bibelot, sua mão ainda aquece a minha e a peça poderia acabar ali, assim como os dias considerados 'bons'.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011


Tenho um Deus que conhece cada passo que dou, sabe dos meus pensamentos mais secretos, dos meus medos, que me dará um bom emprego, uma boa faculdade. Tenho um Deus que me dá motivos para seguir em frente, que me conhece como ninguém, que me impede de todo mal e me dá coragem para enfrentar os obstáculos que aparecem pela frente ou pelas costas. Um Deus que me faz forte, em que confio, um Deus fiel. E o mais inacreditável dentre todas as perfeições é o fato do meu Deus ser chamado de Autoconfiança.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Sinestesia e escapismo


Um caminho que me leve para o arco-íris, passagem só de ida para o paraíso, preciso de uma estadia na Lua, qualquer canto ou lugar onde se possa respirar ouvindo a pulsação, e não precisar pensar mais que o suficiente para criar algo útil ou reinventar inutilidades. Quero a canção do sol nascendo e o calor dos pássaros úmidos, quem sabe uma cabana com folhas de laranjeira na beira do rochedo.
Qualquer canto ou lugar que me tire do comum e da fragilidade e simpatia exagerada dos sorrisos cotidianos, das sílabas frias e bocas manipuladas que me dizem 'bom dia', qualquer pedaço de vento onde se possa observar sem ser denominado narrador ou espectador.

quinta-feira, 28 de julho de 2011

O oposto ao lado direito


Todo dia é dia de arrumar o guarda-roupa, tirar o cobertor da cama, escovar os dentes, comer arroz, enxergar sem ter que acender a luz. Todo dia é dia de calçar os chinelos, tomar banho, pensar em problemas alheios, fazer planos para a próxima semana. Então você dorme, e tudo recomeça, rebobina sua vida todos os dias... todos os dias. E você espera acabar o horário do trabalho, da escola, aguarda a sexta feira, aguarda o sábado, como se realmente acreditasse em um dia 'fora da rotina', como se existisse um dia 'fora da rotina'.
Tudo faz parte da rotina dos teus olhos, sinta o vento levar embora todas as suas mágoas e amores passados, os recortes de jornal do acidente de um velho e bom amigo, aqueça-se com o Sol todas as manhãs ou banhe-se com a chuva todas as tardes, mas mude sua forma de pensar. Não existe o correto, não existe o errado, nada é tão medíocre a ponto de permanecer intacto durante o tempo. Se somos frutos de uma sociedade capitalista e materialista, se vivemos presos no sistema, decore sua gaiola, uma nova pintura, que tal um ramo de flores secas ? Mude.

Com X e L no final.


Escrevo sobre a guerra, descrevo cada passo do meu dia, detalho as pétalas de todos os cravos do jardim, dito um livro, componho uma canção, soletro o dicionário, mas não me peça para falar do que acontece quando me abraça, não me deixe tentar descobrir o porquê dos seus olhos brilharem tanto no Sol, os motivos de ser tão difícil ter que ir embora ou a explicação de todos os sons formarem a sua respiração. De tudo que entendo, descobrir os seus sinais e decifrar os teus gestos é o que me mantém na persistência de transformar todos os dias da semana em Sábado, de ter seus olhos fechando de sono e te manter acordado com o passar dos dedos no rosto, conseguir enxergar meus pensamentos tão claros e não saber por onde começar a dizer e não saber se é preciso falar.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Vítreo



Me criou da maneira mais dura possível, me fez enxergar o mundo da forma simples como ele é, crer sozinha em tudo que era recíproco, na diversidade, me fez assistir sozinha todas as minhas quedas e fracassos, e aprendi a levantar sem segurar na mão de ninguém... uma pena você não estar lá para ver como eu me virava sozinha, foi lindo o espetáculo.
De tantas palavras que não disse, o que era pra ser algo trivial tornou-se uma peleja rotineira, rotineiro como ouvir que é comum, como se fosse habitual não suportar o som dos seus olhos piscando. Nunca foi amor, nunca foi carinho...
Respeito é o que me faz suportar a maldita convivência, a sua falta de compreensão e a mediocridade dos seus pensamentos. Minha formação de liberdade com sua assinatura em Bic azul na linha da direita cai em contradição a tudo que sabe sobre mim, simplificando... nada.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Sorrisos

Você podia estar comigo agora, em qualquer lugar, em baixo de qualquer constelação

Em baixo da Lua quase cheia

E seu rosto colado ao meu peito

E o meu rosto colado ao seu rosto
e seu peito colado ao meu peito
com o som das estrelas de fundo...

Minhas mãos coladas as suas costas
suas mãos coladas aos meus braços
com o som do seu sorriso de fundo...

Minhas pernas perdidas entre as suas
com o som do vento desviando de nós dois ...

Seus lábios colados aos meus lábios
e o som de um beijo...

A lua projetando nossa unica sombra no chão
e o som...
não teria som.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Do latim: luna.


As estrelas que habitam esta imensa cúpula azul surgem como olhares, como se o tempo imaginasse o que pensávamos ou o que tentávamos pensar. O céu nublado baixava toda a minha atenção para uma unica incógnita, uma unica pergunta, uma unica questão... unica. E a luz, crescente, simplificando discretamente o que surgia dentro de mim. Os dias não precisam ser floridos, não precisa sair Sol, nem relógio, nem sorvetes, só precisamos de Sábado.

domingo, 10 de julho de 2011

Profecias


Rasguei as cartas, esqueci as promessas, enterrei o nosso amor. Não existem mais recordações, nem mágoas, não existem sorrisos ou abraços, não existe nada que me faça parar de voar.Coloquei ponto final onde havia vírgula, da sua voz doce só restaram os ecos de cada grito, dos beijos só a indesejável lembrança do que um dia fez todo sentido, a simetria dos nossos corpos me deu vontade de algo inapropriado, torto, desconexo. Os meus motivos para querer mais, a perfeição das desigualdades... nada restou, de nada adiantou. E cada lágrima que correr pelo meu rosto me trazendo notícias sobre você, será o luto de ainda me lembrar do teu nome.


Decreto feriado pessoal.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Lassidão


Sobrevivo à exaustão dos meus desejos de amor para ter um pouco mais da sua voz soando através dos meus ouvidos e a sua respiração na minha nuca. Estou dando voltas e voltas em torno do que quero, não paro por sentir uma extrema necessidade de correr, mesmo que em lugar algum. Não sei viver de histórias mal escritas, páginas rasgadas, mágoas, arrependimentos, não consigo virar as costas como se tudo estivesse no seu exato lugar.
Aquariana por destino, sem acasos, por Deus, por uma noite de bebidas nove meses antes, não importa, a vida me fez ser assim, complicada.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

só vejo beleza no que transborda
só me interesso pelo que ultrapassa
o comum não me comove,
o banal não me toca.
porque eu gosto é do avesso
e o contraditório é que me fortalece.


(Verônica H.)

sábado, 25 de junho de 2011

5 vogais, 3 consoantes.


Começar este texto falando da vida seria tanta hipocrisia como fizer que ela é bela. Dia vinte e cinco de junho, seria um dia melhor se eu não fosse acordada com uma notícia tão impiedosa.
Difícil falar da morte, não? E esse é o assunto que eu não quero falar, e nem da vida, já que ela não existe mais. Difícil não é encarar o modo como ela acontece, ou a ambiguidade que nela existe e sim o que fica.
Fica o que mais precisava ter ido embora, vai-se o silêncio, fica-se o som. O som da alegria, o som do estresse, o barulho do andar... ficam os longos onze anos e todas as histórias que nele vieram.
Seria mais fácil se todas as memórias boas fossem embora, e em letras arredondadas escrevessem no epitáfio: 'Aqui jaz toda alegria, animação e lembranças do que trouxe.'
Hoje eu perdi parte da minha família...
Hoje eu perdi parte...
Hoje eu perdi...
Hoje.
Abraços e carisma é o que menos preciso agora, pois aqui jaz toda a minha paz.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Cintilação, clarão, fulgor e luz


Se o barulho dos carros te encanta mais que o som do mar, se as cores da cidade te fascinam mais que as cores da natureza, se na sua televisão existem mais astros que no céu... permita-se.
Permita-se amar, sentir, sorrir, cantar, dançar e ser o que quer ser, o que precisa ser. Da vida só se sabe o agora, o futuro a ti pertence.
Se pensas que amanhã o dia nascerá sem graça alguma, alegre-se, só depende do seu bom humor para transformar qualquer pó em vida, qualquer tristeza em sorrisos e suspiros. Faça do seu dia o melhor, faça da sua vida a melhor.Passe esta alegria para os outros, nem todos podem ver graça nas mínimas coisas.
Se o seu computador te mostra qualquer canto do mundo, o seu portão faz-te tocar e sentir o que há de mais sincero e autentico. Levante-se, tire este pijama, arrume este cabelo, ninguém é obrigado a te ver na pior. Se o teu ego esta mal, não faça sua aparência transparecer esta falta de humor, vamos, perfume-se, ligue para alguns amigos, faça das próximas horas uma história para se levar por toda vida.
Se hoje algo te impede de sorrir, impeça tal motivo de te fazer enxergar novas possibilidades de ser feliz.

domingo, 12 de junho de 2011

Singular


... e cada ano que passa eu tento procurar palavras novas, algo novo para dizer, mas sempre desejo o mesmo: felicidades, amores, e tudo de bom, talvez seja pelo simples fato de ser o mais sincero e perfeito que eu possa te desejar. Você é maravilhosa, é incrível, e eu só posso querer o teu bem, eu só posso desejar coisas que considero revigoradoras de ego: Amigos, música, cores, risadas, emoções novas e sinceras, palavras que podem ser entendidas antes de faladas e milhares de pequenas coisas que vamos percebendo que nos fazem bem com o passar do tempo.
Começar o texto com parágrafo e letra maiúscula seria como definir a nossa amizade, os sentimentos, o que passamos e o que vamos passar, que ficção.
Isto não é um parabéns e sim um eu te amo.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Poente


e tudo se vai...
as ondas, o vento, o tempo, os amores, os carinhos.
Nós, meros humanos, vivemos do que poderia ter sido, usando o clichê como palavras de ordem, e assim caminhamos, clepsidras de lamentos e angustias.Queremos dar o melhor de nós mesmos e colocamos na mesma frase o conhecimento de crescer a cada dia, como então ser melhor se vivemos do que se foi?

quarta-feira, 25 de maio de 2011

sexta-feira, 20 de maio de 2011

capítulo XII parágrafo 2


E todo amor familiar que eu tinha dentro de mim foi transformado em distância e isolamento, eu me descrevi como Raul Pompéia. E meus dias não passavam de ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho. Questionando sobre a vida, a morte, origens, palavras, sentimentos, expressões. Alimentando minha força individual e aprendendo a conviver sem amor materno.

N.E.N.T


Eu tenho pressa de escrever, escrevo por cima do tempo, meu pensamento apenas corrige e acelera. Nada existe enquanto a caneta não desencosta do papel.
Escrevo e tenho esta necessidade de expressão, essa necessidade da escrita, escrevo para desabafar comigo.
Escrevo para conhecer a mim mesma, porque não posso ser ninguém além de mim quando faço isso.

Circulante


Eu, rodeada de livros e cantigas de liberdade, entregando a mão da natureza o meu destino, só consigo pensar em reatar o que foi destruído.E como gostaria de cumprir as profecias do Romantismo...
Pobre alma minha, que caminha só, em direção ao nada, ao vazio, ao vácuo.Pobre alma minha, que caminha sem chão ou colunas de apoio, deixando para trás a mentirosa ideia de passado, presente e futuro, vivendo o agora, se é que essa expressão realmente existe.
E se nada que escrevo faz sentido para quem lê, saiba que não existe forma melhor de entender o ser humano do que pela forma que escreve. Meus rabiscos e estrofes sempre mostraram a bagunça que consigo fazer comigo, com minha vida, a bagunça mais organizada e limpa que já pude viver.
Virei páginas e páginas do caderno, desobedecendo as linhas e as formas de expressão consideravelmente corretas.
A minha vida sempre foi assim... e se nada der certo, se todos os meus planos forem embora de mim mesma, jogo mil cores na minha bata do Che, escrevo em guardanapos pedidos de amor e com minha bolsa de crochê, aprendo a tocar Raul.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

... aquela velha opinião formada.


e de tristeza chorei seis dias, briguei com seis amores, vi seis filmes , comi seis ovos cozidos, emagreci seis quilos, fiz seis promessas, escrevi seis textos,vesti seis meias, ouvi seis musicas, rezei seis terços, dancei seis vezes, gritei seis vezes, usei seis blusas, dormi seis vezes, criei seis arranjos.
Pedi aos deuses que mandassem a mim o fruto de tal perfeito ventre, seus cílios e pulsações. Joguei rosas brancas à Buda, acendi incensos à jesus. Olhei pro céu seis vezes.
E astrologicamente discutindo a minha vida, eu estava nadando corrente adentro e morrendo em sedimentos cristalinos. Afogando o meu ego no meu próprio signo, fazendo valer os versos de Cesário Verde.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

le Temps retrouvé


Todas as contas no chão, os lembretes, os cobertores, travesseiros e almofadas. Os saltos sujos de barro, as roupas que deveriam estar nos cabides, as canetas, porta-retratos, os livros. As fotos, o pó em cima do televisor, os cremes capilares,o rímel.Bilhetes cobrindo as lembranças em papel de foto no mural,embrulhos amassados de presentes, papéis de carta, de balas... Tudo fora do lugar.
Quando acordei no domingo a tarde, a semana já havia passado, já havia passado os abraços, os sorrisos, a lição de casa, o almoço em família. Passou tão transitório como orvalho em vidro de automóvel. Não vi a hora, não via a hora.
E tudo foi vivendo enquanto eu descansava meus olhos em palavras controversas aos meus sentidos e sonhos. Tive que acordar.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Penumbra


' É um castanho claro, mas quando a luz do Sol bate de frente com seu rosto, eles ficam mel, como os meus em um local com pouca claridade, só que mais nítidos. E você tem vários detalhes em torno da pupila, não sei se há um nome para esses detalhes, mas parecem feitos à mão. Seu olhar passa confiaça e sinceridade, mas isso é só algo que passa e não que presto atenção. Mais para baixo, na íris, tem detalhes menores, castanhos também como os de perto da pupila, mas são bem menores e mais delicados, quase imperceptíveis. Brilham o tempo todo. '

... quando as definições passam de palavras unicas.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Adromia


Não consigo te manter como único na minha vida, enquanto estava longe meu coração virou pensão, virou bordel, virou moradia.Para quem só queria sair do lugar de origem, para quem precisava conhecer novos ares, quem brigou com a esposa, para bêbados, amantes, amigos, viajantes e desabrigados. Me dediquei a cuidar do meu coração e amparar todas as almas que buscam pela paz e o contentamento de espírito, e mesmo cuidando de todos, sobrou alguém... era eu.
Era eu que cometia milhares de erros com meu ego, que cantava e assobiava o meu exílio. E fui vivendo, cada parte dessa busca, cada passo dessa minha rotina. Abrigando dentro de mim um pouco do que todos procuravam e procurando completar aqueles todos sentimentos que foram perdidos.
De certa forma, sorrisos sempre me encantaram, mas a muito meu riso já não era mais ouvido, já perdera a importância até mesmo para mim. Eu precisei de tudo e não queria nada, era algo que me faltava, algo nunca vivido ou algo que permanecia e não me deixava em paz. Como se eu tivesse que pedir 'por favor' ás minhas vontades.
Tudo que eu necessitava era aprender a amar...

sexta-feira, 18 de março de 2011

Régio inverosímil


Tudo o que você tem não faz mais sentido, os seus amigos não são mais os mesmos, eles erraram no que não deveriam errar. O seu travesseiro não é tão fofinho como antes, no final do mês não sobra sequer o dinheiro do ônibus, as pessoas sumiram, enquanto todos estão se divertindo, ninguém se lembrou de você, ninguém te ligou ou tocou no seu nome. Você quer mudanças, mas não sabe o que quer, os humanos nunca sabem mesmo o que traz felicidade...como se qualquer coisa fosse melhor do que agora. E sempre tem aquela pessoa adorável que diz :' você poderia não ter um teto para morar, um alimento na mesa (...)' como se isso te fizesse sentir melhor, sim, ela sabe que isso não ajudará em nada, também sabe que essas situações não precisam de conselhos, não existem conselhos bons o suficiente, são vazios que se ocupam sozinhos.
Um dia você olhará pro lado e verá pessoas que nunca imaginou, situações que nunca viveu... e isso te fará alguém melhor, talvez não melhor pra vida, nem melhor como pessoa, mas sim um band-aid nas nossas próprias mutilações. Alguns sorrisos, algumas palavras, abraços e bebidas, tudo tão vívido como se fosse durar para sempre, bobagem.
A madrugada é o espaço de hora dos extremos, ou você esta muito feliz ou esta muito triste, ou provavelmente estará dormindo. Nenhuma das alternativas será real.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

domínio


Se o ser humano nasceu para receber ordens, isso ninguém pode dizer. Mas que as autoridades influenciam severamente em nossos atos, isso é real. Tanto as leis políticas, os direitos humanos, a religião, e qualquer outra ordem que exerça tal força no país tem esta capacidade de 'direcionar' as pessoas para um caminho denominado 'certo', controlando muitas vezes as vontades e os pensamentos individuais.
O brasil não pode ser usado como exemplo na hora de demonstrar o cumprimento de suas leis, a lei que prende um bandido é a mesma que o coloca de volta as ruas. Além daquelas que são interpretadas de outra forma, como o recente caso de Luiz Claudio Santana, condenado a mais de cento e quarenta anos de cadeia, não seria esta uma prisão perpétua já que a média de vida do brasileiro é apenas metade de sua pena?
as autoridades servem para orientar, forjar e manobrar a sociedade para um certo tipo de ideal, que pode ser bom ou ruim. Bom como no caso dos professores, que lecionam para transmitir conhecimento, para ajudar no futuro de seus alunos, e ruim no caso da religião, que prega o bem, a igualdade e ao mesmo tempo separa a sociedade, descriminando aquele que não compartilha de sua mesma fé.
Existem os dois lados da moeda, assim como em todas as atitudes, sentimentos e escolhas que fazemos, é o livre arbítrio.Assim como na famigerada frase " o mundo é dos espertos " . O forte, inteligente, continuará manipulando as pessoas a sua volta de acordo com seus desejos, isso vem acontecendo desde os primeiros relatos de vida no planeta Terra, não seria agora que isso mudaria.

tragédias, comédias e dramaturgos gregos


Tem dias que nascem mesmo para sabotar da nossa boa vontade, o Sol já acorda levando junto a sua paciência, e cada folha que cai é como se colocasse a prova toda sua dor de cabeça.
Tem dias que a vontade é de não acordar, dormir novamente, levantar apenas no dia seguinte mesmo que for a tão odiada segunda feira. Qualquer canto do mundo, quaisquer outros amigos, qualquer outra cama, outra fronha, outro café da manhã seria melhor do que o seu. Sua internet não funciona, só recebe mensagens da própria operadora que por coincidência já virou sua melhor amiga... lembra mais de você do que sua própria família.
Tem dias que tudo dá errado, tudo que você planejou por meses evapora, some, acaba. Você briga com quem não tem culpa dos seus problemas, nem chocolate entende sua tristeza.
É o que gostamos de chamar de solidão. Você se tranca no seu quarto, apaga a luz, liga a televisão... deixa toda bagunça no seu devido lugar, o lençol mal arrumado, o celular do lado do travesseiro, o cenário perfeito para uma tragédia grega. Você sabe que chorar não adianta,mas não perde a oportunidade de ser um pouco mais dramática.
Já acabou o dia, e não é que passou rápido?

amanhã é outro dia, e o Sol vai nascer pra mim
e se não nascer... separei milhares de filmes românticos para dramatizar um pouco mais essa minha vida, estou quase boa nisso.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

vou-me embora pra Pasárgada


faço minhas malas, meu destino me espera, meu passado, as lembranças de uma vida que já passou, de horas que se foram, de pessoas que deixaram. Parto em nome das recordações, parto pro lugar onde me recorda infancia, onde o cheiro de café da manhã é diferente de onde habito. Parto pra trazer a tona tudo que um dia foi presente.
Não para viver as horas que mudaram, mas para não perder a certeza de que aquelas lembranças já fizeram parte dos meus motivos de sorrir, para provar da saudade da voz, das vozes, dos risos que eu interpretava como olhar de quem não tem malícia, de quem não provara de rotina. Parto em nome do que nomearam de saudade.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A.R


Montando o meu quebra-cabeça, quebro a cabeça, absorvo idéias, reconstruo questões.
na roda da vida giram soluções,absorvo as questões, soluciono as idéias.
posso não criar a poesia perfeita, a rima conexa, a arte coordenada, ainda que possa recriar sempre o meu próprio equílibrio, equilibra a corda bamba a diferença dos egos, o que é essencial e aparente, metaforicamente se equilibra a própria vida o tempo todo.
A vida que não é palco, esta que é feita de tropeços e exige paz. Exige força a vida que clama esperança, força que movimenta, engrandece, conscientiza a mente. Luz que clarifica o discernimento, tranquiliza o pensamento e aconchega o meu coração...

bloco de rascunho




Já são sete horas da manhã, o Sol lá fora me fez abrir os olhos apesar do despertador estar ligado. Aonde você estava noite passada que não me ligou? Desperdiçando meus beijos em bocas de prostitutas que esperam o salário da noite após provarem dos pecados do seu corpo? Estava gastando suas doces palavras com amigos no bar da esquina? Rindo com seus belos dentes tratados pela avenida após alguns drinks baratos? Se encontrando com aquela sua ex-namorada de cabelo longo e linguajar culto? Por onde seus pés te levaram numa sexta a noite? O que fez você não escolher a minha presença?
De qualquer modo hoje é sábado, seu travesseiro ficou ocupado por esta noite, obrigada por consertar a banheira,aliás, o Sol esta lindo, que tal um banho de mar depois do almoço?

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

eu quero, mas não.



não gosto de café, pasta de dente branca e falsidade. não gosto de hospitais, injustiça e inglês. salsinha, cebolinha e aranhas. suspense, quedas e medo. derrotas, salto plataforma e provas. barco viking, moda e alargadores exagerados. grama áspera, trovões e preconceito. piadas de mal-gosto, dupla personalidade e amor...
na verdade eu só precisava gostar de alguma coisa, só precisava gostar do dia de hoje, mas dias assim sempre chegam já dizia minha avó. A chuva continua caindo na vertical, em pingos esféricos, molhando os carros, as calçadas, as pernas de quem protege apenas os ombros. E eu aqui... olhando pelo vidro que barra o vento, as gotas que agarradas ao fio não se deixam cair. Contando vantagens e desvantagens em estar sozinho, procurando explicação pra não querer me apaixonar, ou querer.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

e neste ano...


dois mil e onze não me esperou, entrou na minha casa sem bater, abriu a geladeira e tomou o ultimo yakult que eu guardava para o café da manhã. Não me esperou passar rímel, entrou no quarto, me puxou pelo braço e com um leve sopro abriu meus olhos para um novo dia, uma especie de nova estação do ano, uma maratona onde estou em primeiro e último lugar, concorrendo com meu ódio e meu egoísmo... passando á frente do alto ego me deparo com o meu amor, ah o Meu Amor, prometi você de presente à Iemanja no final de 2003 quando cenas de romance não saiam da minha cabeça. Dois mil e onze sentou na minha cama, com os pés de lama, abriu a mochila e tirou de dentro o medo,a esperança e todos aqueles pontos de interrogação que pra mim já eram esperados... fiquei esperando algum tipo de momento, de felicidade, de novidade, mas nada disso foi trazido, anotou meu e-mail e endereço, prometeu mandar depois se sobrasse algum para mim. Disse algumas frases de começo de ano e partiu, me deixou agridoce, seja la o que esta palavra signifique. Foi embora assim, sem dizer oi ou tchau, não me deixou dizer sequer uma palavra, como se eu fosse obrigada a aceitar tudo que me trazia.
Tentei entrar em contato, mas a alguns anos a linha esta ocupada, talvez não só eu esteja atrás de novos entregadores de promessas. Um que me escute ou pelo menos traga algo novo... ja cansei de vê-los irem embora, e eu aqui, com os braços carregados de interrogações, para coloca-las no cabide ordenadas por cores e tamanhos, decifrando meus dias, meus amores, meus vícios, meus gostos e todo esse vasto tempo que me foi dado nesse exato momento.