sexta-feira, 20 de maio de 2011

capítulo XII parágrafo 2


E todo amor familiar que eu tinha dentro de mim foi transformado em distância e isolamento, eu me descrevi como Raul Pompéia. E meus dias não passavam de ilusões de criança educada exoticamente na estufa de carinho. Questionando sobre a vida, a morte, origens, palavras, sentimentos, expressões. Alimentando minha força individual e aprendendo a conviver sem amor materno.

N.E.N.T


Eu tenho pressa de escrever, escrevo por cima do tempo, meu pensamento apenas corrige e acelera. Nada existe enquanto a caneta não desencosta do papel.
Escrevo e tenho esta necessidade de expressão, essa necessidade da escrita, escrevo para desabafar comigo.
Escrevo para conhecer a mim mesma, porque não posso ser ninguém além de mim quando faço isso.

Circulante


Eu, rodeada de livros e cantigas de liberdade, entregando a mão da natureza o meu destino, só consigo pensar em reatar o que foi destruído.E como gostaria de cumprir as profecias do Romantismo...
Pobre alma minha, que caminha só, em direção ao nada, ao vazio, ao vácuo.Pobre alma minha, que caminha sem chão ou colunas de apoio, deixando para trás a mentirosa ideia de passado, presente e futuro, vivendo o agora, se é que essa expressão realmente existe.
E se nada que escrevo faz sentido para quem lê, saiba que não existe forma melhor de entender o ser humano do que pela forma que escreve. Meus rabiscos e estrofes sempre mostraram a bagunça que consigo fazer comigo, com minha vida, a bagunça mais organizada e limpa que já pude viver.
Virei páginas e páginas do caderno, desobedecendo as linhas e as formas de expressão consideravelmente corretas.
A minha vida sempre foi assim... e se nada der certo, se todos os meus planos forem embora de mim mesma, jogo mil cores na minha bata do Che, escrevo em guardanapos pedidos de amor e com minha bolsa de crochê, aprendo a tocar Raul.