quinta-feira, 28 de julho de 2011

O oposto ao lado direito


Todo dia é dia de arrumar o guarda-roupa, tirar o cobertor da cama, escovar os dentes, comer arroz, enxergar sem ter que acender a luz. Todo dia é dia de calçar os chinelos, tomar banho, pensar em problemas alheios, fazer planos para a próxima semana. Então você dorme, e tudo recomeça, rebobina sua vida todos os dias... todos os dias. E você espera acabar o horário do trabalho, da escola, aguarda a sexta feira, aguarda o sábado, como se realmente acreditasse em um dia 'fora da rotina', como se existisse um dia 'fora da rotina'.
Tudo faz parte da rotina dos teus olhos, sinta o vento levar embora todas as suas mágoas e amores passados, os recortes de jornal do acidente de um velho e bom amigo, aqueça-se com o Sol todas as manhãs ou banhe-se com a chuva todas as tardes, mas mude sua forma de pensar. Não existe o correto, não existe o errado, nada é tão medíocre a ponto de permanecer intacto durante o tempo. Se somos frutos de uma sociedade capitalista e materialista, se vivemos presos no sistema, decore sua gaiola, uma nova pintura, que tal um ramo de flores secas ? Mude.

Com X e L no final.


Escrevo sobre a guerra, descrevo cada passo do meu dia, detalho as pétalas de todos os cravos do jardim, dito um livro, componho uma canção, soletro o dicionário, mas não me peça para falar do que acontece quando me abraça, não me deixe tentar descobrir o porquê dos seus olhos brilharem tanto no Sol, os motivos de ser tão difícil ter que ir embora ou a explicação de todos os sons formarem a sua respiração. De tudo que entendo, descobrir os seus sinais e decifrar os teus gestos é o que me mantém na persistência de transformar todos os dias da semana em Sábado, de ter seus olhos fechando de sono e te manter acordado com o passar dos dedos no rosto, conseguir enxergar meus pensamentos tão claros e não saber por onde começar a dizer e não saber se é preciso falar.