
dois mil e onze não me esperou, entrou na minha casa sem bater, abriu a geladeira e tomou o ultimo yakult que eu guardava para o café da manhã. Não me esperou passar rímel, entrou no quarto, me puxou pelo braço e com um leve sopro abriu meus olhos para um novo dia, uma especie de nova estação do ano, uma maratona onde estou em primeiro e último lugar, concorrendo com meu ódio e meu egoísmo... passando á frente do alto ego me deparo com o meu amor, ah o Meu Amor, prometi você de presente à Iemanja no final de 2003 quando cenas de romance não saiam da minha cabeça. Dois mil e onze sentou na minha cama, com os pés de lama, abriu a mochila e tirou de dentro o medo,a esperança e todos aqueles pontos de interrogação que pra mim já eram esperados... fiquei esperando algum tipo de momento, de felicidade, de novidade, mas nada disso foi trazido, anotou meu e-mail e endereço, prometeu mandar depois se sobrasse algum para mim. Disse algumas frases de começo de ano e partiu, me deixou agridoce, seja la o que esta palavra signifique. Foi embora assim, sem dizer oi ou tchau, não me deixou dizer sequer uma palavra, como se eu fosse obrigada a aceitar tudo que me trazia.
Tentei entrar em contato, mas a alguns anos a linha esta ocupada, talvez não só eu esteja atrás de novos entregadores de promessas. Um que me escute ou pelo menos traga algo novo... ja cansei de vê-los irem embora, e eu aqui, com os braços carregados de interrogações, para coloca-las no cabide ordenadas por cores e tamanhos, decifrando meus dias, meus amores, meus vícios, meus gostos e todo esse vasto tempo que me foi dado nesse exato momento.