quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Quando as paralelas se tocam


Te deixo amor enquanto posso, na medida que posso, em troca de uma liberdade recíproca. Não peço, não cobro, sei que tudo esta na medida certa; e vou convivendo com o mesmo beijo, os mesmos olhos, o mesmo abraço, e as mudanças de cada piscar. "Sei que sou perfeito pra você." e eu me pergunto se você é mesmo perfeito ou se o meu gosto abstrato por defeitos é que lhe deixam com este ar de sinceridade.
Se nada der certo, ainda assim, tudo estará no seu lugar e você estará do meu lado imitando vozes de cantores famosos ou cantando músicas que não faço a mínima idéia de onde surgiram, mas sorrio por saber que não preciso de mais nada além da sua voz.
E você me deixa sorrisos enquanto pode, na medida que pode, em troca de uma liberdade recíproca. Continua sendo meu melhor amigo e tudo ainda é estranho, como se não buscássemos respostas pelo fato de todas as duvidas serem exatamente como precisamos.





"... direis, ouvir estrelas! Certo perdeste o senso!"

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Rondo do capitão



A cortina quase se fechando, e eu, ansiosa, ainda espero o final feliz onde todos podem se abraçar e ter um sorriso, calejado de lutar, mas ainda assim meigo e completo. Mas o toque de cheff é o poder de deixar o público com os planos quase alcançados, vendo ir embora a expectativa, deixando claro aos seus olhos um final trágico, exuberante em lágrimas e gritos histéricos, para que todos saiam da sala se perguntando o motivo da imprudência.
E ainda assim, atravesso a rua esbarrando em vestidos de seda e derrubando chapéus arredondados de abas curtas, sabendo que todo o resto do enredo estava ali e ninguém percebeu. O ato ainda estava no patamar superior, e eu, de tão boa atriz, repeti algumas falas como : 'Quanto tempo é necessário pra varrer toda essa tristeza? Pra fazer uma faxina neste meu ego tão sujo e esquecido? ' e todos pensaram que fosse meu.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Babilônias da desconstrução


Minha vida se resumindo no proposto, no propósito, a face não vista por Cecília Meireles, a lógica de tudo que eu não me acostumei. A certeza de acordar, de levantar, de vestir, de comer, andar, dizer. O lado abstrato de viver uma rotina sem propostas ou perspectivas em quatro dimensões, sem dificuldade alguma de planejar o dia seguinte ou perder o sono pensando em algo novo que viveu.
Recordações que voltam a fazer parte de algo tão novo a ponto de parecer real, certezas impróprias de momentos saudosistas, dúvidas não esclarecidas que se marcaram com reticências no fim da página e as multidões de palavras e movimentos desnecessários como a memória anestésica do escuro da sua casa de bonecas.
A sensação de viver contando os segundos para a solidão, tendo que esta se resume em felicidade. Aprender a dar gargalhadas espontâneas forjadas, só para sair da desnecessária explicação da sua vida construída em pretérito perfeito, ou imperfeito, não faz tanta diferença.